Notícias

Dia do Anestesiologista

Publicada em 16/10/2023 às 12h27

Anestesiologista Gualter Lisboa Ramalho é membro da SAEPB e da SBA Anestesiologista Gualter Lisboa Ramalho é membro da SAEPB e da SBA

No dia 16 de outubro, é comemorado o Dia do Anestesiologista. Nesta data, foi documentada a primeira intervenção cirúrgica realizada sob anestesia geral no ano de 1846.

Naquele dia, às 10 horas, no anfiteatro cirúrgico do Massachusetts General Hospital, em Boston, o cirurgião John Collins Warren realizou a extirpação de um tumor cervical de um jovem de 17 anos. O paciente foi anestesiado com éter pelo dentista William Thomas Green Morton, que utilizou um aparelho inalador por ele idealizado.

Antes, à exceção da China, onde se usava a milenar Acupuntura, os recursos utilizados para amenizar a dor no ato cirúrgico consistiam de extratos de plantas dotadas de ação sedativa e analgésica, além da hipnose e bebidas alcoólicas, o que não dispensava, evidentemente, a contenção do paciente.

No Brasil, segundo Lycurgo Santos Filho, a primeira anestesia geral com éter foi realizada em 25 de maio de 1847 no Hospital Militar do Rio de Janeiro pelo médico Roberto Jorge Haddock Lobo.

A segurança dos procedimentos anestésicos aumentou muito desde o primeiro experimento até os dias atuais. O melhor preparo dos médicos e pacientes, conhecimento das doenças, regularização das consultas pré-anestésicas, advento de fármacos mais seguros e monitorização avançada no período perioperatório são considerados fatores relevantes para a expressiva redução das complicações relacionadas à anestesia.

O estabelecimento de uma relação médico-paciente mais próxima com o médico anestesiologista é um reconhecido fator que confere maior qualidade e, por consequência, diminui as complicações relacionadas ao ato anestésico.

O termo anestesia, de origem grega, quer dizer sem sensibilidade. É o estado de total ausência de dor durante uma cirurgia, exame ou curativo.

Inicialmente restrita ao momento da cirurgia, a moderna anestesia se caracterizou por seu caráter perioperatório. Assim, o anestesiologista se tornou reconhecido como médico perioperatório e expandiu sua atuação para inúmeras áreas do saber humano, a saber: Medicina Intensiva, Transporte e Atendimento de Pacientes Críticos, Tratamento da Dor, Cuidados Paliativos e Gestão na Saúde, entre outras.

A Medicina Perioperatória é o ramo da medicina que cuida dos doentes no entorno do ato cirúrgico. Este modelo se preocupa em preparar o paciente da forma mais adequada para a anestesia e cirurgia. Durante o ato operatório, o anestesiologista é responsável pela manutenção das condições de homeostase do doente, além de impedir a ocorrência de dor, estresse, memória intraoperatória e outros desconfortos. Monitorizar sinais vitais; infundir soro e sangue, quando necessário; manter adequada temperatura; e cuidar da integridade dos pacientes, já invadida pelo próprio ato operatório, está no escopo dos anestesiologistas. Ao término da cirurgia, a medicina perioperatória se relaciona com o controle da dor, das náuseas e vômitos, da realimentação e deambulação precoces, da experiência do paciente, da otimização da sua recuperação, que, em última análise, racionaliza custos e o reinsere de forma plena no contexto biopsicossocial.

A primeira fase de atuação do anestesiologista, como médico perioperatório, é o preparo do paciente para a anestesia, também conhecido como avaliação pré-anestésica. Neste momento, é muito importante acessar, através de uma criteriosa avaliação, o conhecimento amplo sobre o paciente. Deve ser realizada imediatamente antes do início da anestesia ou, de preferência, horas ou dias antes da anestesia. Para atingir tal objetivo, muitos serviços contam com o consultório de anestesia para realizar uma avaliação acurada e com a devida antecedência, que permita captar a confiança do paciente e familiares, determinar sua condição clínica, avaliar exames complementares, estimar o risco anestésico-cirúrgico, prescrever medicação pré-anestésica e planejar a melhor técnica anestésica e analgésica.

Não é incomum o relato do paciente sobre o seu maior temor estar relacionado à anestesia, em razão do conhecimento antes restrito. Hoje, com a facilidade da mídia digital, a preocupação se volta para a qualidade da informação, o que amplia a relevância da consulta prévia.

Neste aspecto, é muito importante a atuação do anestesiologista para elucidar dúvidas, assegurar confiança e tornar o ato anestésico-cirúrgico mais confortável e seguro. Contribuir para a redução do estresse, das angústias e incertezas que cercam qualquer intervenção se torna um alento e confere qualidade à jornada anestésico-cirúrgica.

Na avaliação pré-anestésica, são investigadas doenças pré-existentes, hábitos pessoais, cirurgias anteriores, possíveis alergias, medicações em uso que possam promover interações com a anestesia e o histórico de doenças familiares. Um minucioso e direcionado exame físico acompanha a avaliação clínica, seguida pela observação dos exames pré-operatórios, o que individualiza cada paciente, em sintonia com o procedimento a ser realizado.

Este conjunto de ações favorece um melhor planejamento anestésico, maximiza sua segurança e minimiza seus riscos. Na anamnese, é fundamental saber ouvir e respeitar os temores dos pacientes. Devemos buscar esclarecer, através de um diálogo humano e elucidativo, tudo o que esteja direta e indiretamente relacionado à anestesia, ressaltando que a avaliação pré-anestésica é um direito do paciente e dever do médico anestesiologista.

Vale salientar que você tem o direito de escolher seu anestesiologista. Salientamos que a cirurgia é um trabalho em equipe e, quanto mais harmoniosa e integrada for essa equipe, melhor será o ambiente cirúrgico e maior a perspectiva de sucesso. Portanto, é importante que o seu direito seja mantido em harmonia com o da equipe de forma clara e com consentimento presumido assinado.

GUALTER LISBOA RAMALHO

Membro da Sociedade de Anestesiologia do Estado da Paraíba (SAEPB) e da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA)

Presidente da Unimed João Pessoa