O cooperativismo gera, em todo o Brasil, pelo menos 230 mil empregos diretos e responde por 6,5% do Produto Interno Bruto (PIB) – soma de todos os bens e serviços produzidos em um país durante certo período -, o que representa uma movimentação econômica de R$ 13,3 bilhões. As informações são de Ronaldo Scucato, vice-presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) e membro da Organização das Cooperativas da América (OCA).
Scucato informou que, atualmente, o segmento reúne 13 ramos. Segundo ele, as que mais crescem são as cooperativas de crédito, de agropecuária e de saúde. Scucato destacou que, na área da saúde, o Sistema Unimed se destaca por ser formado por cooperativas respeitadas em todo o Brasil e reconhecidas pela excelência do trabalho prestado.
Ronaldo Scucato concedeu uma entrevista à Fundação Unimed, na semana passada, em comemoração ao Dia Internacional do Cooperativismo, que em 2008 foi no dia 5. A data é comemorada sempre no primeiro sábado de julho de cada ano. O Portal Unimed JP reproduz, na íntegra, a entrevista. Leia abaixo:
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Quais os fatores que estimulam o crescimento do quadro cooperativista no Brasil?
O cooperativismo é uma doutrina consolidada, existente desde 1844, que leva em consideração princípios sociais que instigaram e ainda instigam a sociedade brasileira a investir nessa forma de organização empresarial que compartilha resultados. Cada cooperado é dono do negócio, portanto, participante ativo do processo de gestão. O segmento preza pela união voluntária de pessoas para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e democraticamente gerida. As cooperativas são baseadas em valores de ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, eqüidade e solidariedade. Os princípios que a cada dia mais atraem as pessoas para o cooperativismo são adesão voluntária e livre; gestão democrática; participação econômica dos cooperados; autonomia e independência; educação, formação e informação; integração entre as cooperativas; e interesse pela comunidade. Atualmente, existem mais de 7.500 cooperativas no Brasil.
Como começou o cooperativismo aqui no Brasil?
As primeiras cooperativas brasileiras foram as do ramo agropecuário, visto que os produtores sentiram a necessidade de se unir para comercializar melhor os produtos com maior ganho no mercado. A partir do exemplo, começaram a se desenvolver entidades dos diversos ramos existentes atualmente, com o mesmo objetivo de potencializar o trabalho de cada profissional. Hoje, estão registradas milhares de cooperativas dos seguintes segmentos em todo o País: agropecuário, crédito, saúde, trabalho, educacional, habitacional, infra-estrutura, consumo, mineral, turismo e lazer, produção, especial e transporte. O cooperativismo brasileiro agrega mais de sete milhões de associados e gera 230 mil empregos diretos.
Qual a tendência contemporânea do cooperativismo?
A tendência do cooperativismo é e sempre foi a de realizar negócios com compromisso social e em conformidade com as perspectivas de desenvolvimento sustentável. Temos que defender e mostrar sempre que a bandeira da Responsabilidade Social, tão discutida hoje, nasceu com os pioneiros cooperativistas de Rochdalle, na Inglaterra, que se uniram para enfrentarem as condições de trabalho desfavoráveis da época. O cooperativismo promove oportunidades de crescimento humano e econômico. Oferece muito mais que uma atividade empresarial, oferece educação e atualização para que as pessoas prosperem junto com sua comunidade. A preocupação e perspectiva desse segmento é com a construção de gestões empresariais de sucesso por meio da profissionalização de seu quadro social.
Como podemos avaliar o cenário econômico atual e as perspectivas em relação ao desempenho das cooperativas de saúde?
A avaliação do cenário econômico atual para o cooperativismo não poderia ser melhor. Vivemos um momento de valorização plena de nossas atividades, com o reconhecimento da sociedade e do governo nas esferas federal, estadual e municipal. Como importante ferramenta para o desenvolvimento sócio-econômico, o cooperativismo tem assumido papel fundamental no processo de alavancagem da economia do País, sendo setor expressivo também em Minas Gerais. A participação deste segmento no Produto Interno Bruto (PIB) mineiro é de 6,5% - o que representa uma movimentação econômica de R$ 13,3 bilhões. Além disso, os investimentos sociais em meio ambiente, cultura e lazer somaram R$ 776 milhões em 2006. Os números revelam a potencialidade do segmento que reúne ao todo 13 ramos, dentre os quais merecem destaque o crédito, o agropecuário e o de saúde, por revelarem, a cada ano, excelentes índices de crescimento. Os números do Anuário do Cooperativismo Mineiro 2007 confirmam que as Unimeds, por exemplo, estão presentes nos principais municípios do Estado com mais de dois milhões de usuários, quase 10 milhões de consultas e 18,7 milhões de exames laboratoriais e radiológicos. Em todo o País, são empresas respeitadas e reconhecidas pela excelência do trabalho prestado, representando grande avanço na área de saúde suplementar.
Hoje, as cooperativas têm que ser modernas, ágeis, eficazes e com profissionais capacitados na direção. Como as cooperativas devem estimular a profissionalização da gestão?
Por meio da atualização e capacitação contínua de seu quadro social. De acordo com o 5° princípio da doutrina cooperativista, as cooperativas devem promover a educação e a formação dos seus cooperados, dos representantes eleitos e dos funcionários de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das entidades que representam. Assim, podem informar e conscientizar o público em geral, sobretudo os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação. Não mais se permite o amadorismo na gestão cooperativa. Neste ambiente o que impera é a gestão moderna, norteada pela governança corporativa.
Qual a importância da responsabilidade social para a gestão das cooperativas?
A responsabilidade social, como já destaquei acima, é uma bandeira nossa, do cooperativismo, que sempre acompanhou e norteou nossas atividades. Para se ter uma idéia, comprovadamente, em todos os municípios mineiros que possuem cooperativas o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é maior se comparado àqueles que não possuem cooperativas. Nos municípios mineiros sem cooperativas, o IDH é de 0,704 e naqueles com presença de cooperativas é de 0,761. E esse exemplo pode ser estendido para todo o País.
Qual o caminho para que as cooperativas possam promover o fortalecimento da doutrina cooperativista?
O caminho é o fortalecimento interno. Defendemos o endomarketing como forma de reverter o quadro de desconhecimento dos valores e princípios cooperativos. É fundamental a qualificação e preparo do nosso universo interno porque muitos ainda estão despreparados. Precisamos realizar campanhas de modo que cada integrante saiba mais do cooperativismo, esteja preparado para entender a cooperação e disposto a atingir os objetivos almejados, definidos e traçados pelo segmento. Primeiro é preciso arrumar a casa, fortalecer internamente, para depois expandir nossa doutrina e ações para a sociedade.
Como as cooperativas devem trabalhar para estimular cada vez mais a participação do cooperado nas ações estratégicas da gestão?
As cooperativas devem ser eficientes e dar bons resultados. Os dirigentes devem estar atentos a isso. Assim, fomentam a participação em massa de seus cooperados, elevando os princípios democráticos de gestão previstos na doutrina.
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