Mais um procedimento de alta complexidade e pioneiro na Paraíba foi realizado no Hospital Unimed JP. Sábado (20), o otorrinolaringologista Marcos Franca Pereira (foto) fez o primeiro implante coclear do Estado, único tratamento disponível para quem sofre de surdez profunda. O procedimento foi realizado em parceria com o otorrinolaringologista Rodolfo Penna Lima, do Otocentro de Natal (RN).
Marcos Franca Pereira explicou que o implante coclear, também chamado de "ouvido biônico", é um dispositivo eletrônico que fornece estímulos elétricos diretamente ao nervo auditivo através de eletrodos introduzidos cirurgicamente na cóclea (orelha interna), promovendo informação sonora a indivíduos com perda auditiva profunda bilateral. O tratamento é indicado para crianças a partir de 2 anos e para adultos com perda auditiva (neurossensorial) de severa a profunda bilateral, sem alterações neurocognitivas que impossibilitem a reabilitação.
A cirurgia dura em média quatro horas com riscos baixos para os pacientes. Prova disso é que a alta hospitalar ocorre três dias após o implante. O procedimento realizado na Paraíba durou três horas e meia e a alta foi concedida nesta terça-feira (23). A paciente foi uma mulher de 45 anos. Após o implante, o aparelho - que tem uma parte externa e outra interna - deve ser usado por toda a vida.
Marcos Franca Pereira ressaltou que, até ser realizado no Hospital Unimed JP, o único estado do Nordeste que disponibilizava o tratamento era o Rio Grande do Norte. De acordo com ele, a cirurgia só foi possível por causa do aparato tecnológico do Hospital Unimed JP, único da Paraíba a dispor de um microscópio alemão de alta resolução e de um arco cirúrgico (aparelho de raio X).
SURDEZ PROFUNDA
Segundo estatísticas, o Brasil tem hoje 2,5 milhões de deficientes auditivos. Destes, aproximadamente 500 mil são surdos profundos. As pessoas nesta situação não conseguem ouvir nenhum som.
Entre os transtornos causados pelo problema estão atraso no desenvolvimento da fala e linguagem, dificuldades na escolaridade, falta de profissionalização e ausência de inserção social. Com o tratamento, a pessoa passa a se comunicar e pode ser alfabetizada.
Nas crianças, a surdez profunda pode ser causada no pré-natal (rubéola, genética e uso de drogas, entre outros) ou no pós-natal (resultante de meningite, por exemplo). Em adultos, a surdez profunda geralmente é provocada por meningite ou por exposição a ruídos.
