O trabalho do cordelista Manoel Monteiro Neto, membro da Academia Brasileira de Literatura de Cordel e do Instituto Histórico, Geográfico e Cultural da Paraíba (IHGCP), vai ajudar na ampliação da consciência ambiental dos alunos do Colégio Primeiro Mundo, em Manaíra.
O cordel “Quem ama não suja – Mantenha João Pessoa Limpa”, de autoria de Manoel Monteiro, foi distribuído nesta quinta-feira (24), durante evento promovido na escola pelo instituto de responsabilidade social UniGente em parceria com o curso de Turismo da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Esta foi uma forma simples e criativa de contribuir para a preservação ambiental, particularmente na Capital.
SAIBA MAIS
A literatura de cordel já existia na época dos povos conquistadores greco-romanos, fenícios, cartagineses, saxões, entre outros, tendo chegado à Península Ibérica (Portugal e Espanha) por volta do século 16. Lá, recebeu os nomes de "pliegos sueltos" (Espanha) e "folhas soltas" ou "volantes" (Portugal). Florescente no Brasil, principalmente, na área que se estende da Bahia ao Maranhão, esta manifestação da inteligência brasileira merecerá no futuro um estudo mais profundo e criterioso de suas peculiaridades.
Oriunda de Portugal, a literatura de cordel chegou no balaio e no coração dos nossos colonizadores, instalando-se na Bahia e mais precisamente em Salvador. Dali se irradiou para os demais estados do Nordeste. (Fonte: Site da Associação Brasileira de Literatura de Cordel)
QUEM AMA NÃO SUJA
Conheça abaixo o cordel “Quem ama não suja”, de autoria de Manoel Monteiro:
01- Aonde chego alardeio
E aos quatro ventos difundo
Que a minha Capital
Dá-me um orgulho profundo
Porque desde tenra idade
Mantêm-se como cidade
Que tem mais verde no mundo.
02- O sol aqui brilha alegre
360 dias
Mas as manhãs são amenas
Até as horas tardias
Que a noite desnuda o céu
Para cobrir com um véu
Nossas madrugadas frias.
03- As nossas praias são lindas
Nossas praças são legais
Nosso comércio é eclético
Com preços especiais,
NOSSO HOTEL é uma festa
Depois disto aqui só resta
Virem nos ver, nada mais.
04- Quer viver dias felizes?
Quer repousar a contento?
Venha beber nossa água
Provar do nosso alimento
Venha inspirar nosso clima
Venha ouvir a nossa rima
Sonhar com nosso lamento.
05- Aqui tem tudo de bom
Pras férias de veraneio,
Turismo ecológico ou
Fim de semana a passeio.
Meus amigos, podem crer,
Será imenso o prazer
De tê-los no nosso meio.
06- Somos um berço propício
Aos eventos de cultura,
Tradicionais teatros
Aonde a arte assegura
Bons espetáculos artísticos
Afora os pontos turísticos
Quadros de beleza pura.
07- Do Alto do Cabo Branco
Vê-se o mar verde, ondeante,
Beijando as fímbrias do céu
Sempre azul, sempre brilhante,
Com uma praia de areia
Branca, morna, bela e cheia
De alegria esfuziante.
08- A Lagoa e seu lençol
D’água refrescando o ar,
O Sanhauá docemente
Correndo em busca do mar,
Os ipês floridos quando
Ao vento ficam bailando
Na espera do sol raiar.
09- Tudo é belo em João Pessoa,
Mas, como nada é perfeito,
Algumas pessoas não
Cuidam das ruas direito;
Fazem das Praças cortiço
É para falarmos disso
Que este cordel foi feito.
10- Todo mundo quer mostrar-se
Bem vestido ao visitante,
Mostrar a casa arrumada
É por demais importante,
Casa suja é perigoso
Pois a fama de seboso
Pode passar adiante.
11- Cuidar do meio ambiente
Está na moda e faz bem
Quando a cidade é limpinha
O turista vai e vem,
Vindo acarreta dinheiro
Indo diz ao mundo inteiro
Que venha nos ver também.
12- Da cidade a Prefeitura
Tem que cuidar toda hora
E o Governo do Estado
Por sua vez colabora
(Esta é sua obrigação)
Mas, também o cidadão
Não pode ficar de fora.
13- A cidade é nossa casa
Neste caso certamente
Todos nós temos dever
De apresentá-la decente,
É bom pra o bolso e pra vista,
Dá saúde, traz turista
Que trazem grana pra gente.
14- Quem descarta pneus velhos
Pelos terrenos baldios
Ou os joga pelos mangues,
Pelos riachos e rios,
Desde já fique ciente
Que esses erros do presente
Trarão castigos tardios.
15- Até os simples copinhos
Desses que são descartáveis
Atirados na calçada
Poderão ser responsáveis
Por bueiros entupidos,
Esgotos obstruídos,
Desastres consideráveis.
16- Tomar o refrigerante
De uma garrafa peti
Depois jogá-la na rua
Quem faz isso aí comete
Uma tremenda agressão
Porque a poluição
A todos nós compromete.
17- Devemos mostrar aos jovens
Já no recesso do lar
Que é dever de nós todos
Nem poluir nem sujar
Este mundo que nos cerca
Isto pra que não se perca
O prêmio de respirar.
18- Nas escolas fazer ver
Ao menino e a menina
Que ao consumir o lanche
Que trouxe ou foi da cantina
Jamais cometa a bobagem
De pegar a embalagem
Jogar na primeira esquina.
19- É um papelzinho aqui
Uma garrafinha lá,
Uns restos de construção
Um caixote ou um sofá,
Uma cadeira quebrada
Que na primeira invernada
Ao bueiro entupirá.
20- Por isso hoje estamos vendo
Ao cair qualquer chuvisco
Avenidas alagadas
Antes de vir o corisco,
É vingança, com certeza,
Dos olhos da natureza
Que entupimos de cisco.
21- JOÃO PESSOA nos pede
Temerosa do futuro
Que conservemos seu verde
Tornando seu ar mais puro
Para que ela persista
Fazendo o nosso turista
Aqui sentir-se seguro.
22- Que CIDADE LIMPA ATRAI
TURISTA já se sabia
Mas o CURSO DE TURISMO
Da UFPB queria
Repetir esta verdade
Para que nossa cidade
Feliz conosco sorria.
23- O Globo está transpirando
Ardendo em febre, doente,
Sua melhora ou piora
Vai depender só da gente,
Doravante a quem nos ler
É proibido dizer
Que disso não está ciente.