Existem muitas opções de tratamento para dores de cabeça. Remédios com esse fim podem ter dois focos principalmente: prevenção e tratamento da crise. O conceito mais importante do tratamento da enxaqueca é o preventivo, mas quem sofre de dor de cabeça acaba pensando mais nos analgésicos para diminuir ou acabar com a dor na hora que ela aparece, e o tratamento muitas vezes não evolui por esta razão, porque a causa da dor de cabeça não foi atingida, e sim apenas a consequência do processo da enxaqueca. As dúvidas sobre os remédios para tratar a enxaqueca ocorrem tanto no tratamento preventivo como agudo.
Os medicamentos preventivos mais usados são da classe dos neuromoduladores (chamados anteriormente de anticonvulsivantes, topiramato e divalproato), antidepressivos (amitriptilina, nortriptilina, venlafaxina, inibidores de recaptação de serotonina), beta-bloqueadores (atenolol, propranolol, metoprolol, nadolol) ou bloqueadores do canal de calcio (flunarizina). Estas classes são as mais recomedadas nos consensos e guidelines de tratamento de sociedades de especialidade, mas outras classes podem ser usadas também como antihipertensivos (candesartan, lisinopril), vitaminas e minerais (melatonina, riboflavina, coenzima q10, magnésio), fitoterápicos (petasitis hibridus, tanacetum parthenium), toxina botulínica, neurolépticos (olanzapina, quetiapina, aripiprazol, clorpromazina).
Os analgésicos podem ser de diversos compostos. As classes de medicamentos para tratamento agudo são os analgésicos simples (paracetamol, dipirona), antiinflamatórios (naproxeno, diclofenaco, inibidores de cox-2, ketorolaco, ibuprofeno, tenoxicam), ergotaminas, triptanos (rizatriptano, sumatrpitano, zolmitrpitano, naratriptano). Com cautela e absoluto rigor de controle médico, a terapêutica com opióides pode ser uma alternativa a ser considerada.
PERGUNTAS
As cinco perguntas mais frequentes dos pacientes sobre remédios para dor de cabeça e tratamento preventivo de enxaqueca:
- Este remédio engorda? - Há medicamentos com mais potencial para aumento de peso, alguns remédios com menos chance, outros tratamentos neutros para mudança do peso, e ainda há a opção de um medicamento que possa diminuir o peso. A flunarizina é a que mais aumenta peso, seguida dos antidepressivos tricíclicos (amitriptilina), e do divalproato. O topiramato é um medicamento que pode diminuir o peso, pois controla a compulsão alimentar, o ataque voraz a alimentos, como doces, chocolate. O paciente com enxaqueca deve ser orientado a fazer exercícios físicos que vão favorecer o controle da dor e também ajudar à perda de peso.
- Vou ficar dependente do medicamento? -Vou ter que tomar este remédio para o resto da vida? Não, o uso de qualquer dos medicamentos preventivos para enxaqueca e outras dores de cabeça não causa dependência. O que ocorre é uma resposta boa, o remédio funciona e o paciente por conta própria decida parar o remédio precocemente, e aí a dor realmente volta, pois não foi feito adequadamente o tratamento. Isto não quer dizer dependência e sim eficácia do tratamento. Os sofredores de enxaqueca sempre perguntam se o tratamento deverá ser realizado para o resto da vida, a resposta é não, mas não há um prazo limitante para parar o tratamento.
- Vou ficar sedado, sonolento com este remédio? -Alguns remédios para dor de cabeça, tanto preventivos quanto analgésicos para crisespode dar sono. O paciente deve ser alertado pois o início do tratamento pode necessitar de uma paciência para que ocorrauma adaptação. Antidepressivos tricíclicos como a amitriptilina, nortriptilina, e outros antidepressivos como a trazodona e mirtazapina podem dar sono. É frequente que com a enxaqueca ocorra uma dificuldade com o sono, ou uma demora para pegar no sono, ou manter o sono durante a noite, ou mesmo um sono não reparador, quando o paciente acorda cansado. Nestes casos a escolha de um tratamento preventivo que cause mais sono é adequada.
- Posso beber álcool com este medicamento? - Bebida alcoólica pode por si só causar dor de cabeça, quando se receita um medicamento preventivo, deve se ter um cuidado especial com o efeito do álcool, se a cefaléia é desencadeada frequentemente após o uso de álcool este deve ser retirado, ou minimizado. Quanto às interações com medicamentos temos o efeito na mucosa do estômago quando associado ao uso de antiinflamatórios. A digestão de alimentos e metabolização de remédios compete com o álcool no fígado, então seu efeito é dose dependente, ou seja, quanto mais uso de álcool pior o efeito colateral. Pode ocorrer também mais tontura, enjôos, sonolência com o uso de álcool.
- Se tomar analgésicos demais posso ter complicações? - Este remédio ataca o fígado ou estomago? Uso excessivo de remédios analgésicos pode causar umA série de complicações. Antiinflamatórios podem gerar gastrite, esofagite, e até sangramentos digestivos se usados abusadamente e sem recomendação e acompanhamento. O fígado pode ser sobrecarregado com muitos analgésicos, as pessoas podem questionar se o uso de remédio preventivo pode afetar o fígado, mas não se importa com a quantidade de analgésicos que toma. Os remédios preventivos não são lesivos ao fígado, o divalproato pode raramente afetar o fígado elevando as enzimas hepáticas, e eventualmente estas enzimas podem ser monitoradas periodicamente. O uso abusivo de analgésicos causa cefaleia rebote, quer dizer que se a tomada de analgésicos for frequente, diária ou quase diária, a dor de cabeça pode aparecer por causa da tomada de analgésicos. Os analgésicos que contém cafeína podem gerar insônia, tremor, ansiedade e agravar também a dor de cabeça.
CURSO REGIONAL DE CEFALEIA
As novidades no tratamento das dores de cabeça serão discutidas no próximo mês durante Curso Regional de Cefaleia. O evento, promovido pela SBCE, será realizado no dia 23 de novembro, das 8h às 18h, no Hotel Verde Green, em João Pessoa.
As inscrições são gratuitas e vão ser realizadas, exclusivamente, no local do evento, entre 8h e 8h30. O Hotel Verde Green fica na Avenida João Maurício, na orla de Manaíra.
A programação completa do curso pode ser conferida abaixo. Mais informações serão disponibilizadas em breve no site da SBCE: www.sbce.med.br.
PROGRAMAÇÃO
8h - 8h30: Inscrição
8h30 - 8h50: Por que e como sentimos dor?
8h50 - 9h10: Espectro das cefaleias
9h10 - 9h30: Cefaleias trigêmino-autonômicas
9h30 - 9h50: Mecanismos fisiopatológicos da migrânea
9h50 - 10h10: Discussão
10h10-10h30: Intervalo
10h30 -10h50: Como e quando investigar cefaleias
10h50 -11h10: Cefaleia na Unidade de Emergência - o que fazer e o que não fazer
11h10 -11h30: Migrânea, impacto e qualidade de vida
11h30 -11h50: Migrânea e moléstias psiquiátricas
11h50 - 12h10: Discussão
12h10 - 13h30: Almoço
13h30 - 13h50: Migrânea e epilepsia
13h50 - 14h10: Migrânea e AVC
14h10 - 14h30: Cronificação da migrânea
14h30 - 14h50: Profilaxia da migrânea
14h50 - 15h10: Discussão
15h10 - 15h40: Intervalo
15h40 - 16h: Tratamento da crise de migrânea
16h00 - 16h20: Histórico, farmacologia e perfil de segurança dos triptanos
16h20 - 16h40: Situações especiais: gravidez, infância, migrânea com aura
16h40 - 17h: Miniprofilaxia menstrual, tratamento ao primeiro sinal, tratamento de cefaleia em salva
17h00 - 17h30: Discussão
Com informações da Sociedade Brasileira de Cefaleia