“O hábito de doar sangue consiste em atitude altruísta e saudável que deve ser estimulada entre toda a população. Este ato não causa dependência, não traz risco de transmissão de doenças e o sangue doado é rapidamente compensado pela nossa medula óssea”. A declaração é da hematologista Flávia Pimenta, coordenadora técnica da Agência Transfusional do Hospital Unimed JP.
A médica lembra que, considerando não existir até o momento um substituto ideal para o sangue, a forma que existe para assegurar sua disponibilidade - quantitativa e qualitativamente - é estimular a doação pelo maior número de pessoas possíveis. Este ato de solidariedade e de amor ao próximo deve ocorrer, principalmente, em épocas de grandes festas, como o Natal e o reveillon.
Nestes períodos, a carência de doadores tende a aumentar. Isso ocorre por dois motivos. O primeiro está diretamente relacionado à violência que aumenta na época, principalmente nas estradas, quando os acidentes se tornam mais freqüentes. O outro tem a ver com o próprio período festivo. Muitos doadores caem na “folia” e se afastam dos hemocentros e bancos de sangue.
Parâmetros da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que para manter os estoques de sangue regulares nos hemocentros do Brasil é necessário que, pelo menos, de 3% a 5% da população faça doações regulamente. O problema é que, no País, apenas 1,8% da população pratica este ato.
Para evitar baixa de estoques, a Agência Transfusional do Hospital Unimed JP orienta as pessoas a fazerem doações. Para tanto, basta procurar o hemocentro ou banco de sangue mais próximo. Em João Pessoa, o voluntário pode se dirigir ao Hemocentro da Paraíba (3218-7600) ou para o Banco de Sangue São João (3221-4808). O telefone da Agência Transfusional é 2106-0242.
PROCEDIMENTO SEGURO
A hematologista Flávia Pimenta (CRM 3688) escreveu um artigo para a coluna Unimed Saúde sobre doação de sangue. O material foi publicado na edição de domingo (23) dos jornais Correio da Paraíba, O Norte e Jornal da Paraíba. Por causa do espaço, o texto teve que ser editado. Leia abaixo a versão do texto na íntegra:
Doação de sangue
A doação de sangue deve ser voluntária, anônima, e não remunerada, direta ou indiretamente. Por anonimato da doação, entende-se a garantia de que nem os receptores saibam de qual doador veio o sangue que ele recebeu e nem os doadores saibam o nome do paciente que foi transfundido com componentes obtidos a partir da sua doação, exceto em situações justificadas tecnicamente.
No dia da doação, sob supervisão médica, um profissional de saúde de nível superior, qualificado, avaliará os antecedentes e o estado atual do candidato a doador, para determinar se a coleta pode ser realizada sem causar-lhe prejuízo, e se a transfusão dos hemocomponentes preparados a partir desta doação pode vir a causar problemas nos receptores. Esta avaliação é feita por meio de entrevista individual, em ambiente que garante a privacidade e o sigilo das informações prestadas.
A doação pode ser realizada em hemocentros ou bancos de sangue. Geralmente, os hemocentros são instituições públicas que atendem aos serviços de saúde públicos e privados. Os bancos de sangue, em geral, são instituições privadas.
Antecedendo o ato da doação, critérios são obedecidos visando à proteção do doador e receptor. O doador de sangue deve ter idade de, no mínimo, 18 anos completos e, no máximo, 65 anos. Candidato cuja idade não esteja dentro destes limites só pode ser aceito em circunstâncias especiais. Para esta aceitação, ele deve ser previamente avaliado por um médico do serviço. Caso este concorde com a doação, deve fazer uma justificativa escrita, que deve ser anexada à ficha do doador.
A freqüência máxima admitida, por ano, é de quatro doações para os homens e de três para as mulheres. O intervalo mínimo entre as doações deve ser de dois meses para os homens e de três meses para as mulheres. Em caso de doador autólogo, onde o sangue é doado para uso pessoal, a freqüência das doações pode ser programada de acordo com o protocolo aprovado pelo responsável técnico pelo serviço. Nas cirurgias eletivas, sempre que possível, deve ser indicada a realização de transfusão autóloga.
Os materiais e substâncias que entram diretamente em contato com o sangue ou componentes a serem transfundidos em humanos são estéreis, apirogênicos e descartáveis. Todos os materiais, substâncias e insumos industrializados (bolsas, equipos de transfusão, seringas, filtros, conjuntos de aférese, agulhas, anticoagulante e outros) usados para a coleta, preservação, processamento, armazenamento e transfusão do sangue, assim como os reagentes industrializados usados para a triagem de doenças transmissíveis pelo sangue e para a triagem imunematológica, satisfazem as normas vigentes e estão registrados ou autorizados para uso pela autoridade sanitária competente.
Não deve ser colhido sangue de candidatos que estejam em jejum prolongado. Como é comum aos candidatos à doação comparecerem em jejum, o serviço deve oferecer um pequeno lanche antes da doação para os candidatos que estejam em jejum.
Alguns critérios visam à proteção do receptor. O doador deve ter aspecto saudável e manifestar sentir-se bem. A temperatura axilar não deve ser superior a 37 ºC. A pele do doador na área da punção venosa deve estar livre de lesões; os candidatos que tenham recebido transfusões de sangue nos últimos 12 meses devem ser excluídos da doação; o doador potencial não deve apresentar nenhuma enfermidade infecciosa aguda nem deve ter antecedentes de doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue; e o uso de determinados medicamentos pode impedir a doação de forma temporária ou definitiva.
O hábito de doar sangue consiste em atitude altruísta e saudável que deve ser estimulada entre toda a população. Este ato não causa dependência, não traz risco de transmissão de doenças e o sangue doado é rapidamente compensado pela nossa medula óssea. Considerando não existir até o momento um substituto ideal para o sangue, a forma que temos para assegurar sua disponibilidade quantitativa e qualitativamente é estimular sua doação pelo maior número de pessoas possíveis.