A questão cultural ainda é uma barreira para os homens na hora de buscar atendimento médico. A força, virilidade e sensação de invulnerabilidade afetam a saúde do público masculino, que adia a procura de ajuda, particularmente quando se trata de fazer o exame de toque retal, uma das formas de diagnóstico do câncer de próstata.
Mas, aos poucos, essa realidade vem sendo modificada. “Com a ajuda de campanhas como o Novembro Azul, estamos conseguindo vencer o preconceito. O importante mesmo é conscientizar a população sobre os problemas de saúde masculinos com ênfase na prevenção e no diagnóstico precoce do câncer de próstata”, comenta o urologista Thiago Costa, médico cooperado da Unimed João Pessoa. “Precisamos alertar os homens quanto à necessidade do cuidado com a saúde, principalmente de maneira preventiva”, afirma.
Segundo ele, o diagnóstico precoce é a melhor prevenção para o câncer de próstata, doença que, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), vai afetar mais de 65 mil homens no Brasil este ano. Este é o segundo tipo de câncer mais comum nos homens, mas, quando diagnosticado precocemente, a chance de cura ultrapassa os 95%.
“A maioria dos homens tem receio, mas quando passa pela avaliação até questiona se era só isso e se arrepende de não ter ido antes”, conta o urologista, que ressalta o papel das mulheres. “Muitas vezes, nós percebemos que são elas que os levam para os exames de rotina. Por isso, também é importante conscientizá-las para que continuem fazendo o seu papel nesta batalha”, comenta.
É necessário ficar atento. Histórico familiar, tabagismo, obesidade, ingestão de alimentos ricos em gordura e excesso de bebida alcoólica são fatores que aumentam o risco de desenvolver o câncer de próstata. “O acompanhamento regular é a melhor maneira de prevenir, e os exames físico, conhecido popularmente como o toque, e o de sangue [PSA], são as duas formas mais eficazes de rastrear a doença”, explica.
SINTOMAS
De acordo com o Inca, em sua fase inicial, o câncer da próstata tem evolução silenciosa. Muitos pacientes não apresentam nenhum sintoma ou, quando apresentam, são semelhantes aos do crescimento benigno da próstata (dificuldade de urinar, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite). Na fase avançada, pode provocar dor óssea, sintomas urinários ou, quando mais grave, infecção generalizada ou insuficiência renal.
IMPORTÂNCIA DOS EXAMES
Há três anos, Francisco de Assis Henrique Jorge, 70, descobriu que estava com câncer de próstata. Ele destaca a necessidade da prevenção e aponta que descobriu a doença logo no início por fazer exames com frequência. “Faço os exames desde os 40 anos de idade. Na família, há incidência e comecei desde cedo o acompanhamento. Há três anos, apareceu uma alteração e na biópsia foi constatado o tumor. Tive que fazer a cirurgia, e a recuperação ainda está acontecendo”, relata. “Não tem que ter preconceito. Tem que fazer exames a partir dos 40 anos e até mais cedo se tiver casos na família. As consequências são muito graves para deixar para o final, quando não tiver outra opção”, aconselha Francisco.