"Este é meu milagre. Meu milagre se chama Samuel". Entre muitas lágrimas e um sorriso enorme no rosto, Katiane Felinto Trajano segurava o pequeno Samuel logo após o parto. O milagre da vida estava feito. Samuel nascia de um parto normal, foi amamentado poucos segundos depois, teve o cordão umbilical cortado pela mãe e com ela ficou, junto ao seu corpo, enrolado, sentindo o calor e o cheiro dela, que não cansava de repetir o quanto estava feliz por estar com ele.
Samuel nasceu na quarta-feira, dia 8 de julho, no Hospital Alberto Urquiza Wanderley. E, assim como ele, toda criança que nascer na unidade hospitalar a partir de agora (independente do tipo de parto), ficará com a mãe, não será separada para os cuidados. "Na primeira hora de vida, o bebê está mais ativo, depois ele vai ficando sonolento, por isso é importante que ele esteja com a mãe neste período, para estreitar ainda mais o vínculo que a criança tem com ela. Esta é uma ação de cuidado e segurança no parto", explicou o obstetra Eduardo Sérgio.
Este momento entre a mãe e o filho é muito importante para os dois. "Isso diminui a ansiedade mãe, ela poderá cuidar do filho, com o suporte de toda a equipe", disse o médico. Além disso, estudos comprovam que este momento estimula a liberação de um hormônio feminino, que provoca a contração uterina e é responsável pela ejeção do leite materno.
O estímulo ao aleitamento materno logo após o parto já é uma prática consolidada no hospital, mas, agora, além do aleitamento, a mãe ficará com o bebê em seu colo (sempre que ambos estiverem em boas condições) desde o momento do parto, na sala de observação e irá para a sua acomodação junto com ele. A primeira higienização da criança será feita ao lado da mãe.
Deixar o filho no colo da mãe após o parto ajuda a estabilizar a temperatura corporal do recém-nascido, auxilia na estabilização dos batimentos cardíacos e respiração, reduzindo o choro e o estresse. Além disso, anticorpos maternos são transmitidos pela mãe para a pele do bebê como forma de defesa.
No Hospital Alberto Urquiza o recém-nascido e a mãe ficam na mesma acomodação, 24 horas por dia, em um mesmo ambiente, até a alta hospitalar. Isso possibilita a prestação de todos os cuidados assistenciais, bem como a orientação à mãe sobre a saúde do binômio mãe e filho, o incentivo ao aleitamento materno e o ensino da prática do ofurô, que acalma o bebê durante o banho.
O MILAGRE DA VIDA
Katiane passou dois anos tentando engravidar. Quando descobria que não tinha sido daquela vez, ficava muito triste. "Foi quando Deus usou uma missionária de outra igreja, uma pessoa que não me conhecia, para dizer que eu descansasse em Deus, que meu filho chegaria. E assim eu fiz. Hoje tenho o meu milagre nos meus braços", disse Katiane, um dia depois do nascimento do filho.
"Eu esperava que fosse emocionante, que fosse o melhor momento da minha vida, mas não esperava que fosse tanto. Não esperava ficar com ele o tempo todo, cortar o cordão umbilical. Esse parto foi a melhor experiência da minha vida. Eu agradeço muito ao meu médico, que foi o maior incentivador do meu parto normal", disse.
EMOÇÃO AO ENCONTRAR O FILHO
Airton Bezerra não conseguiu parar de olhar para Samuel, um olhar terno, de pai que ama. Samuel, não esperou que seu pai - que vinha de outra cidade - chegasse ao hospital. Por isso, durante o parto, um outro parente acompanhou Katiane. Mas, ao chegar e ver seu filho junto com sua esposa, esperando por ele, Airton não segurou a emoção. Pouco tempo depois estava com o pequeno Samuel - que nasceu com quase três quilos - nos braços. E assim a família ficou: reunida. Pai, mãe e filho não se desgrudaram enquanto estiveram no hospital.
O pai, que tem todo o direito de acompanhar o nascimento do filho, além de ver este momento sublime, poderá ficar com a mulher e o bebê durante todo o tempo. "Antes o pai escolhia se saia junto com o filho ou se permanecia para acompanhar a esposa. Agora não acontece o afastamento do pai. O pai também é estimulado a estreitar o vínculo com o filho, pegando-o no colo poucos minutos após o parto, aprendendo a dar o banho, apoiando a mulher em todos os momentos", explicou Eduardo Sergio.