Um terço dos casos de Alzheimer no mundo tem prevenção, já que é desencadeado por fatores que podem ser evitados. São eles: sedentarismo, tabagismo, diabetes, hipertensão, obesidade, depressão e baixos níveis de educação. A conclusão faz parte de uma pesquisa publicada nesta segunda-feira este mês na revista médica The Lancet Neurology.
Acredita-se que 44 milhões de pessoas no mundo tenham Alzheimer e que esse número chegue a 106 milhões de casos até 2050. Segundo pesquisa de Cambridge, no entanto, se a população mundial diminuir em 10% cada um dos fatores de risco modificáveis da doença, será possível evitar cerca de 9 milhões de casos de Alzheimer até 2050.
O estudo, feito por especialistas americanos e britânicos, foi conduzido no Instituto de Saúde Pública da Universidade de Cambridge. A estimativa apontada pelo trabalho é menor do que a de um estudo anterior feito pelos mesmos pesquisadores, que havia indicado que metade dos casos de Alzheimer poderia ser evitada.
O novo estudo se baseou em estatísticas sobre a doença nos Estados Unidos e na Europa e relacionou esses dados com a prevalência de fatores de risco à saúde, como obesidade e diabetes, nessas regiões.
Embora não exista uma forma única de prevenir o Alzheimer, o segredo é investir na adoção de um estilo e vida que posa evitar a demência em algumas pessoas, como por exemplo, a prática de atividade física, que diminui os níveis de obesidade, hipertensão e diabetes, que são alguns problemas que podem afetar a memória.
PERDA DA MEMÓRIA
Confira alguns itens que ajudam a conservar a memória:
- Dormir bem: É durante o sono que a memória e a aprendizagem se consolidam. Na fase denominada REM, o cérebro reúne as informações e lembranças adquiridas no dia e as repete para si mesmo - isto é, reativa os circuitos neurais utilizados durante o dia. A partir daí, o conteúdo migra para a chamada memória de longo prazo.
- Não fumar: Fumar deteriora as paredes das artérias, o que contribui para o depósito de gordura e dificulta a circulação sanguínea e o funcionamento do cérebro. Com isso, elevam-se os riscos de formação de coágulos, responsáveis pelo bloqueio da circulação das artérias e, consequentemente, pelo AVC isquêmico, que leva à morte de neurônios na região afetada.
- Tratar do estresse e da depressão: O estado de stress crônico libera hormônios como adrenalina e cortisol, que prejudicam a fixação da memória.
- Controlar a hipertensão: A hipertensão pode fazer com que os vasos do cérebro se estreitem, já que estimula o aumento da musculatura dos vasos e diminui a permeabilidade para a passagem de nutrientes, oxigênio e gás carbônio.
- Ter níveis baixos de colesterol LDL: Níveis altos de colesterol LDL, chamado de colesterol "ruim", leva ao depósito de gordura nas paredes das artérias de todo o corpo - inclusive no cérebro - e que causa o entupimento das veias. Esse fator acarreta em um AVC isquêmico que induz à morte de neurônios do local afetado e, assim, a dificuldades na memória.
- Tomar café moderadamente: A cafeína ativa a liberação de energia da célula. Com isso, os impulsos cerebrais têm um desempenho melhor, o que contribui para a melhor fixação da memória. No entanto, o Ministério da Saúde recomenda o consumo de 300 a 500 mg de cafeína por dia, o que equivale de três a cinco xícaras de café.
- Praticar atividade física: O exercício físico, além de melhorar fatores de risco como hipertensão e colesterol alto, melhora o fluxo sanguíneo do cérebro, evitando o declínio cognitivo. Além disso, estimula a formação de neurônios no hipocampo, parte do órgão responsável pela entrada da memória.
- Monitorar doenças cardíacas: Fatores de risco para a saúde do coração aumentam o declínio cognitivo. Caso o coração não funcione corretamente, o sangue não circula como deveria e pode favorecer o entupimento de vasos do cérebro.
- Controlar o diabetes: O diabetes causa a degradação das paredes das artérias e facilita a formação de placas de gordura. Esse cenário favorece a formação de coágulos e pode causar AVC isquêmico, causador da demência vascular. O controle do diabetes é um dos preceitos da boa saúde cerebral.
- Ter uma dieta saudável: A glicose é o combustível para o cérebro. Sem ela, as conexões cerebrais ficam comprometidas - podem ocorrer falhas no armazenamento e no resgate de informações. Assim, uma dieta rica em frutas e cereais colabora com o funcionamento do cérebro. Mas o consumo precisa ser moderado, pois a ingestão exagerada de açúcar pode dificultar a fixação da memória.
- Maneirar o álcool: O álcool em quantidades altas é tóxico para o cérebro. Ele contribui para a queima de neurônios e prejudica o sono, essencial para uma boa memória. Segundo Eduardo Mutarelli, o recomendado é, para as mulheres, tomar uma taça de vinho por dia e, para os homens, duas.
- Exercitar a memória: Algumas atividades obrigam o cérebro a armazenar e resgatar dados. Aprender uma nova língua ou ler um livro, por exemplo, são bons exercícios.
Com informações da Revista Veja